Anísio Spínola Teixeira nasceu em
Caetité na Bahia em 12 de julho de 1900.
Estudou no Instituto São Luís na cidade em que nasceu e no Colégio Antônio Vieira em Salvador, ambas jesuíticas.
Estudou no Instituto São Luís na cidade em que nasceu e no Colégio Antônio Vieira em Salvador, ambas jesuíticas.
Anísio desejou entrar para a Companhia de Jesus, porém, seu Pai, Deucleciano
Pires Teixeira almejava para o filho uma vida política e manda-o estudar no Rio
de Janeiro. Ingressou, portanto, no curso de Ciências Jurídicas do Rio de
Janeiro. Bacharel em Direito, Anísio recebe o convite do Governador Góes Calmo
para assumir em 1924 a Direção da Instrução Pública.
Iniciava, assim, um
caminho rumo a paixão que seguiu até sua morte, a educação.
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A
Foto de Anísio Teixeira. S.l., s.d.(Arq. AT foto 086/3) Fonte: Arquivo CPDOC – Fundação Getúlio Vargas
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Anísio
assume a educação num período em que o sistema educacional estava em tempos de
constituição, era o final da década de 20. A educação gozava de muito pouco reconhecimento social
(Saviani, 2007, p. 218) nesse período. Dessa forma era necessário conhecer mais
sobre a educação para fazer a diferença em seu país. Com isso, Anísio viaja
para Europa em 1925, visitando várias cidades como a Espanha, Itália, Bélgica e
França. Em 1927 viaja para os Estados Unidos e em 1928 faz um curso de
pós-graduação na Universidade de Columbia.
No
decorrer de suas viagens Anísio é influenciado por John Dewey e se torna
precursor e dinamizador de suas teorias no Brasil. Dessa forma, ele centra suas
produções na visão democrática que os Estados Unidos trabalhava em suas escolas
e publica o livro Em marcha para a democracia:
à margem dos Estados Unidos.
O fato é que John Dewey impregnou a Filosofia da Educação e a prática
da educação nos Estados Unidos de um sentido construtivo que fez com que seus
discípulos fossem os rebeldes da educação (…). Comunidades em crise, comunidades
que haviam esgotado sua capacidade de crescimento econômico, encontraram na
educação a espinha dorsal de sua recuperação econômica, social e cultural. Isso
mostra uma tese que os sociólogos sempre defenderam: a da interação dialética
que existe entre educação e mudança social. A educação não é só produto de
mudança, ela gera mudança. Ela não é só produto da revolução social. E Anísio
sentia atração pela filosofia de Dewey provavelmente porque sabia que no Brasil
era através da educação que nós deveríamos realizar a nossa revolução nacional
(Brasília, 2002, p. 53)
Em
1931 assume o cargo de Diretor Geral da Instrução Pública do Distrito Federal,
o qual pedirá demissão em 1935, devido ao Golpe do Estado Novo.
Entre as
jazidas de manganês recém-descobertas e o convite para ser Secretario da
Educação do Estado da Bahia, Anísio optou novamente pela educação, em 1947,
como antes já tinha feito ao deixar de exercer a função de Bacharel em Direito,
cargo onde permaneceu até 1951. Durante esse período pelo qual se afastou da
vida pública, se dedicou a exportação de minérios.
Em
1950 criou o Instituto Educacional Carneiro Ribeiro, conhecida como Escola
parque na Bahia que instituía a educação integral para as crianças de forma
nuclear, atendendo as crianças pobres da região. Oferecia não somente isso, mas
várias possibilidades de acesso a arte, educação física, oficinas etc.
A Escola
Parque também abrigava muitas crianças que não tinham onde morar, tornando
possível a vivência de fato da escola. O projeto influenciou outras
instituições de ensino em tempo integral que deu muitos frutos, tendo
inclusive, recebido financiamento da United Nations Educational, Scientific and
Cutural Organization (UNESCO).
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A
O educador Anísio Teixeira (centro) na Escola-parque em 1956 Fonte: CORDEIRO, Célia Maria Ferreira. Anísio Teixeira, uma “visão” do futuro. Estud. av. [online
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Retornou ao Rio de Janeiro e assumiu o cargo de
Secretario geral da CAPES, hoje Coordenação de Aperfeiçoamento do Pessoal de
Nível Superior. Em 1952, assume o cargo de diretor do INEP – Instituto Nacional
de Estudos Pedagógicos, permanecendo nos dois cargos até o ano de 1964.
Com a Ditadura Militar
(1964-1985), Anísio foi afastado do cargo e teve seus direitos políticos
cassados, permanecendo apenas na condição de membro do Conselho Federal de
Educação até o ano de 1968, atribuição que assumiu de forma ativa.
Em 1971
calava-se a voz de Anísio Teixeira desaparecido em 11 de março do mesmo ano e
encontrado morto num fosso de elevador no dia 14. A perícia afirmou que a morte
foi acidental, porém, a família acredita que Anísio foi vítima da repressão.
Eu acho que não foi um acidente…
Meu pai foi encontrado… Todo mundo diz: “Ah, caiu no elevador!”. Não! O
elevador de fato tinha um defeito, tinha apresentado esse defeito seis meses
antes. A porta se abria sem o elevador estar. Então como meu pai tinha essas
coisas de distração, a família ficou naquela dúvida: “Será que foi mesmo? Ele
abriu a porta, o elevador não estava e dizem que havia um vácuo e ele poderia ter
caído”. Mas, há várias coisas. O meu pai foi encontrado sem sapato, ele não
caiu em cima da virga que dividia o fosso, ele é encontrado em baixo dessa
virga. A autópsia diz que ele morreu da pancada. Se ele morreu da pancada e
naquele momento da queda, ele não poderia ter passado pra baixo, para passar
pra baixo ele não poderia passar por um vão de 20 centímetros e nem encontrado
3 dias depois em posição fetal. Há várias contradições. (Anna
Christina Teixeira M. de Barros – Filha de Anísio Teixeira, 2007 [Depoimento
gravado em Documentário - Coleção Grandes Educadores - Educadores Brasileiros
(Anísio Teixeira, Lourenço Filho e Fernando de Azevedo). – Brasil: Paulus,
2007.])
Florestan
Fernandes em seu texto “Anísio Teixeira e a Luta pela Escola Pública”
relata: O educador prevalecia em todas as suas ações e chega a ser
inacreditável que as mãos da ditadura militar tenham se erguido contra esse
homem ao qual nós todos devemos, e que ele tenha sofrido incompreensão,
incerteza e amargura, em vez de receber honras, compensação e carinho (Brasília,
2002, p. 51).
Apesar da morte prematura, Anísio
deixou um legado rico para a educação nacional, pensamentos e reflexões
pertinentes aos dias atuais, os quais têm influenciado as decisões na educação
de forma explícita ou intrinsecamente, deste então.
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