Duas personalidades afins quanto às inspirações democráticas, duas figuras polêmicas da história pátria, merecem cotejadas, porque foram verdadeiramente idealistas e patriotas.
Cipriano, médico, baiano, agitador contumaz. Seu companheiro de ideais, Frei Caneca, um erudito e inquieto religioso.
Cipriano, médico, baiano, agitador contumaz. Seu companheiro de ideais, Frei Caneca, um erudito e inquieto religioso.
Frei Joaquim do Amor Divino, a cujo nome ele próprio agregaria Caneca, nasceu no Recife (bairro de Fora das Portas), tomou o hábito no convento de Nossa Senhora do Carmo em outubro de 1796, aos 22 anos. Assim considerando, deve ter nascido em 1774, morrendo com cerca de 51 anos.
Seus avós portugueses eram “ruivos”, conforme respondeu a quem o chamara de: “filho de pardo comedido.” Homem de profundo saber era expressão vigorosa da erudição do seu tempo.
Seus avós portugueses eram “ruivos”, conforme respondeu a quem o chamara de: “filho de pardo comedido.” Homem de profundo saber era expressão vigorosa da erudição do seu tempo.
Tanto ele como Cipriano foram jornalistas combativos. Tal como o prócer baiano, Frei Caneca era defensor das ideias republicanas.
Diferenciavam-se, contudo, nas respectivas pregações. O discurso de Dr. Barata tinha elevado cunho social, não se continha, portanto, nos limites da área política. O do Frei Caneca era fundamentalmente político. De igual modo, ambos detestavam e eram detestados por D. Pedro e seus ministros.
Desconhece-se a data exata do nascimento de Frei Caneca, mas se tem informação de que, aos 22 anos, em 1796, tomou hábito no Convento do Carmo. Provavelmente nasceu em 1774. Quando caminhou para o patíbulo, para o sacrifício final, apresentava cerca de cinquenta anos.
Desconhece-se a data exata do nascimento de Frei Caneca, mas se tem informação de que, aos 22 anos, em 1796, tomou hábito no Convento do Carmo. Provavelmente nasceu em 1774. Quando caminhou para o patíbulo, para o sacrifício final, apresentava cerca de cinquenta anos.
Pouco se sabe de sua vida antes da ordenação, mas depois de ordenado o Convento lhe concedeu o título de leitor em retórica e geometria. Em seguida foi alçado à posição de definidor de sua Ordem. Também serviu de Secretário de Frei Carlos de São José, que alcançou o elevado posto de Bispo do Maranhão.
Frei Caneca sempre se houve, em todas as oportunidades, com competência e seriedade. Segundo Lemos Brito, que lhe dedica palavras elogiosas, nenhum dos seus companheiros de 1817 pode lhe ser comparados na inteligência, cultura e intrepidez, ainda que houvessem alçado posições relevantes na política imperial. Assim, por exemplo, Paes de Andrade, chefe da Confederação do Equador, após o acontecimento voltou a ter grande prestígio como senador.
Frei Caneca tem a mesma irredutibilidade de Cipriano Barata. Nacionalistas ambos sempre foram contra a sujeição ao governo de Portugal.
Frei Caneca, pregador e político, é uma individualidade curiosa sob múltiplos aspectos. Talvez melhor encarnasse as condições de um comandante do que a de um religioso. Seu amor maior era a Liberdade. Até no púlpito era o orador messiânico encarnando a democracia. Como participante da Revolução de 1817, acompanhou os patriotas na terrível viagem à Bahia, em que padeceram todos os rebelados.
Como Cipriano Barata sua linguagem é destemida e cortante como o aço. Foi, certamente, um dos mais ferrenhos opositores da autocracia imperial, fosse como publicista, polemista, sacerdote praticante e agitador arrebatado.
Jornalista erudito, Frei Caneca pode ombrear-se aos mais cultos homens de sua época, muito embora, interesses políticos dos seus adversários houvessem tentado obscurecer os seus amplos conhecimentos. Grande cultor do vernáculo era exímio escritor e gramático profundo.
É de sua autoria o “Breve Compendio de Gramática Portuguesa”, escrito na cadeia da Bahia. Espírito reformador por excelência insurgia-se contra certos usos e práticas da linguagem portuguesa escrita. Era defensor da simplificação da linguagem, embora escrevesse como era uso na época.
É de sua autoria o “Breve Compendio de Gramática Portuguesa”, escrito na cadeia da Bahia. Espírito reformador por excelência insurgia-se contra certos usos e práticas da linguagem portuguesa escrita. Era defensor da simplificação da linguagem, embora escrevesse como era uso na época.
Federalista convicto defendia os direitos das províncias, sua segurança e liberdade, diante do Imperador e seus ministros.
Como jornalista, patrocinava a liberdade sem limites. No jornal Typhis reivindica a liberdade de imprensa, proclamando sua defesa: “Que liberdade é esta, se temos a língua escrava?” Apesar disso, como jornalista, se submetia às regras impostas pela imprensa da época.
Convém recordar que a liberdade de imprensa só foi assegurada no país pelo decreto imperial de 22 de novembro de 1823.
Apesar do vasto conhecimento linguístico, no exercício do jornalismo, Frei Caneca escrevia de modo a ser compreendido pelos leitores. Por vezes, porém, como é natural em qualquer escritor da sua época, escrevesse frases rebarbativas.
Polemista e doutrinador sabia como poucos utilizar-se da ironia. Jornalista da Confederação do Equador defendia a igualdade, embora reconhecesse que a sociedade brasileira era uma sociedade de classes. Todavia, a prevalência dos aspectos políticos sobressai no estudo que frei Caneca escreveu.
Revolucionário em 1817, não se ombreou, contudo, ao padre João Ribeiro, de Cabungá, e outros próceres.
Polemista e doutrinador sabia como poucos utilizar-se da ironia. Jornalista da Confederação do Equador defendia a igualdade, embora reconhecesse que a sociedade brasileira era uma sociedade de classes. Todavia, a prevalência dos aspectos políticos sobressai no estudo que frei Caneca escreveu.
Revolucionário em 1817, não se ombreou, contudo, ao padre João Ribeiro, de Cabungá, e outros próceres.
Seu papel mais importante relaciona-se com a Confederação do Equador, de 1824, por cuja luta heróica foi julgado e condenado à forca, no Recife, no dia 13 de janeiro de 1825. Cipriano morreu no ostracismo em modesta casa de bairro simples da Cidade de Natal(RN).
Texto escrito por:
Consuelo Pondé de Sena
Publicada em 04/07/2012
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