Quando se descobriram minas de ouro e diamantes nas terras do atual
Estado de Minas Gerais, em 1693, muitos portugueses deixaram sua pátria para
tentar a sorte no Brasil.
Outros mais vieram de São Paulo e da Bahia para fazer
fortuna. De repente, havia na região das Minas muitas bocas para comer.
Por isso as fazendas de gado se multiplicavam pelo interior para
abastecer a grande população que ia para Minas. Assim baianos e portugueses
foram invadindo as boas terras à beira do rio Parnaíba, no atual Estado do
Piauí. Mais uma vez a expansão do gado trouxe consigo a perseguição a muitas
nações indígenas.
No interior do Piauí, havia um fazendeiro particularmente cruel para com
os índios. Seu nome era Antônio da Cunha Souto Maior. Este senhor tinha uma grande
fazenda com muitos índios a seu serviço e gostava de se divertir espancando-os,
violentando suas mulheres, matando-as em seguida a golpe de machado.
Isso revoltou a todos os que viviam em suas fazendas e, em 1712, os
próprios índios de Souto Maior o mataram. Uma grande revolta se espalhou
rapidamente por léguas e léguas de distância em toda a redondeza, no Maranhão,
no Piauí e no Ceará.
Mandu Ladino, um índio batizado e catequisado pelos
padres, liderou esse movimento com mão firme e tornou-se durante sete anos o
homem mais forte dessa região. Ele era da nação Cariri, mas muitos povos da
família Tupi, que moravam no Ceará, se juntaram a ele contra os fazendeiros.
Foi a rebelião indígena mais séria que a história do Brasil registrou. Muitos
portugueses morreram e muitas fazendas foram destruídas no Ceará e no Piauí.
Acontece que em Viçosa, no planalto da serra da Ibiapaba, os
missionários jesuítas tinham fundado uma grande aldeia cristã.
Os padres
controlavam essa povoação, em que viviam predominantemente indígenas Tabajara,
de língua Tupi. Aconselhados pelos padres e pelos fazendeiros da região, os
Tabajara quebraram a força do movimento indígena unido.
No ano de 1719, os
fazendeiros organizaram uma grande expedição contra Mandu Ladino e seus guerreiros
Cariri, conseguindo mata-los e ganhar a guerra. (...)
Fonte: Prezia, Benedito e Hoornaert, Eduardo. Esta terra tinha dono. São Paulo, FTD, 1989, p. 103 - 104.
ObS; Este texto foi extraido do livro Os povos indígenas no Brasil: Uma História de Resistência. Amélia Albuquerque, Antônio Francisco e Manoel Alves de Sousa. - 1. ed. - Fortaleza: Editora IMEPH, 2010.
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